O coração preparado para o avivamento



“Arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12).
Embora Deus seja a fonte de todo o avivamento, existem condições que ele espera que seu povo cumpra antes de estarem prontos para receber o derramamento do Espírito. Oseias nos põe diante delas em uma das declarações mais completas sobre o caminho para o avivamento nas Escrituras. “Arai o campo de pousio [terra dura, não cultivada]” – referindo-se ao preparo do coração; “porque é tempo de buscar ao Senhor, até que…” – oração perseverante; “…ele venha, e chova a justiça sobre vós” – o resultado, que é avivamento espiritual.
Temos aqui, portanto, as duas condições mais abrangentes para o avivamento: preparo do coração e oração que prevalece. Certamente não podemos separá-las, porque, como o versículo sugere, as duas estão intimamente relacionadas entre si. Às vezes, quando as pessoas buscam a Deus de coração, ele lhes mostra seus pecados e esterilidade e, em seguida, vem o quebrantamento. Com outros, é a partir do quebrantamento que eles começam realmente a orar.
Neste artigo vamos considerar o coração preparado para a visitação divina.
Campo de pousio
“Arai o campo de pousio” é a figura que o profeta usa para transmitir essa necessidade do preparo do coração. O que é um campo de pousio? É simplesmente o terreno que, anteriormente, rendeu frutos, mas depois tornou-se, em grande parte, improdutivo por falta de cultivo; em outras palavras, é uma terra que ficou ociosa. A semente pode ser semeada sobre ele em abundância, os céus podem derramar uma chuva copiosa, mas o que adiantaria tanto uma coisa quanto a outra, já que o solo está neste estado de abandono?
Ao olharmos para fora de nós para o estado da Igreja hoje, ao olhar para dentro à condição de nossos próprios corações, não podemos deixar de admitir a precisão da figura de Oseias. Vastas extensões de terra ociosa e endurecida nos corações de cristãos professos certamente constituem a maior barreira para a chuva de avivamento.
As características do campo de pousio devem agora ser examinadas mais de perto.
Em primeiro lugar, é uma terra dura. O solo tornou-se fortemente compactado; os torrões são grossos e ásperos; homens e animais desatentamente o atravessaram formando uma crosta dura e quebradiça. Esta é a maneira como Deus descreve os corações dos crentes quando se tornaram insensíveis aos pecados que entristecem o Espírito Santo, desatentos à sua voz mansa e suave. São corações que se esfriaram em relação ao Senhor e ao seu povo e indiferentes para com os perdidos. São marcados por formalidade no seu cumprimento de obrigações espirituais e por fria ortodoxia em sua defesa da fé.
Esse estado de coração, muitas vezes, leva a uma defesa agressiva e legalista de pontos menores da doutrina ou a um apego inflexível a tradições antigas. Esses são os “que coam o mosquito e engolem o camelo!” (Mt 23.24); “dão o dízimo da hortelã (…) e desprezam a justiça e o amor de Deus” (Lc 11.42). Eles professam muito e possuem pouco; têm todas as expressões corretas, mas poucas experiências certas.
Nesse estado, cristãos podem diligentemente assistir a ministrações da Palavra de Deus, o coração pode ser semeado continuamente com a semente incorruptível, porém não haverá nenhum fruto para santificação, pois, como na parábola, ela caiu à beira do caminho e ficou na superfície, onde é rapidamente devorada pelos agentes do maligno (Mt 13.4). Tais são os “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento [experimental] da verdade” (2 Tm 3.7).
Talvez essa seja a principal razão pela qual parece haver tão pouco resultado efetivo de tantas ministrações da Palavra. Isso tudo é muito verdadeiro na Igreja de hoje: “Tendes semeado muito e recolhido pouco” (Ag 1.6).
Tal dureza de coração também é revelada pela descrença na manifestação do poder de Deus (por exemplo, ver Marcos 3.5; 6.52; 8.17; 16.14). Será que nós que professamos ser seus discípulos estamos escondendo nossa incredulidade sobre a possibilidade de um avivamento sob o disfarce de murmurações sobre “um dia de coisas pequenas”, “fim dos tempos”, ou “era de Laodiceia”? Sondemos nossos corações antes que ele diga sobre nós: “Errais, não conhecendo… o poder de Deus” (Mt 22.29).
Não é evidente que esse estado de coração deve ser tratado antes que possa haver uma manifestação do poder de Deus em avivamento? Com a lição de Israel diante de nós (Hb 3), do povo que não entrou na terra prometida porque seus corações eram endurecidos em incredulidade e desobediência (Hb 3.18-19), fazemos bem em prestar diligente atenção a estas palavras do Espírito Santo: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração …” (v.15).
Em segundo lugar, o campo de pousio é coberto por ervas daninhas. Um dos principais objetivos do cultivo da terra é eliminar ervas daninhas que poderiam sufocar a boa semente ou as plantas em crescimento. Espinhos e cardos fazem parte da maldição e tipificam o pecado (Gn 3.18). Tais ervas daninhas são abundantes no campo de pousio, por isso Jeremias exorta o povo: “Lavrai para vós outros campo novo e não semeeis entre espinhos” (4.3).
Evidentemente, eles não deram atenção às suas palavras, porque ele disse mais tarde:“Semearam trigo e segaram espinhos” (12.13). Cristo também descreveu o terreno, na parábola do semeador, em que espinhos cresceram e sufocaram a boa semente. Onde o cultivo diligente do coração está faltando, pode-se ter certeza de que espinhos e abrolhos abundam. Como o jardineiro sabe muito bem, as ervas daninhas não precisam ser deliberadamente encorajadas a fim de florescer; elas são o produto de preguiça, indiferença e negligência. Um que é maior do que Salomão, aquele que sonda os corações, pode ter que dizer sobre muitos: “Passei pelo campo do preguiçoso… eis que tudo estava cheio de espinhos” (Pv 24.30,31).
Há apenas uma maneira de começar a lidar com tudo o que sabemos que está entristecendo a Deus, obstruindo o nosso crescimento e impedindo o avivamento: arar o solo endurecido. É hora de deixar de desculpar os nossos pecados, chamando-os de defeitos ou fraquezas naturais, ou atribuindo-os a temperamento ou ambiente. É hora de deixar de justificar nossos caminhos carnais e perspectivas materialistas, apontando para outros que se encontram na mesma situação. Os que estão “medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez” (2 Co 10.12).
Devemos encarar nossos pecados honestamente à luz da Palavra, vê-los como Deus os vê e lidar com eles na sua presença. Até que o façamos, é melhor mesmo que Deus retenha a chuva de avivamento: “Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela… se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (Hb 6.7,8).
Em terceiro lugar, o campo de pousio é necessariamente infrutífero. Apesar de abundante semeadura e copiosas chuvas, a terra permanece em grande parte estéril por causa de sua condição. O fruto que Deus espera que o crente produza não é uma questão de atividade religiosa, ou nem mesmo de serviço cristão zeloso, mas de semelhança com o caráter de Cristo: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22,23). O fruto é santidade prática em pensamento, palavra e ação; é semelhança com Jesus Cristo. É possível ser zelosamente ativo no serviço cristão e, ainda assim, quando Cristo vem a nós como chegou à figueira, ansiando por fruto, ele não encontrar nada senão folhas.
Quem pode avaliar o intenso anseio de Jesus por achar fruto naqueles que são “lavoura de Deus” (1 Co 3.9)? Todas as ações de Deus conosco, em misericórdia ou em juízo, são projetadas para produzir “frutos”, “mais frutos”, “muito fruto” (Jo 15.2,5). Quanto ele realmente encontra? Quanto é sufocado por ervas daninhas? Pedro explica claramente como devemos fazer para não nos tornar um campo de pousio infrutífero: “reunindo toda a vossa diligência” para produzir o fruto da justiça, para que, segundo ele, “estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, façam com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pe 1.5-8).
Condensado de “In The Day Of Thy Power” (No dia do teu poder), por Arthur Wallis, © 1956 por Arthur Wallis. Usado com permissão de sua família.

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